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Foto do escritorJaqueline Garutti

Quiet Quitting: um fenômeno em ascensão entre a Geração Z


"Quiet quitting" é um termo que tem ganhado atenção nos últimos tempos, especialmente entre a Geração Z, e viralizou no TikTok em 2022. O termo refere-se a quando os empregados fazem o mínimo necessário no trabalho, cumprindo apenas as tarefas básicas sem se envolver em atividades extras ou buscar novas responsabilidades. 


No dia a dia pode significar não falar em reuniões, recusar-se a trabalhar fora do expediente, e maior absenteísmo. É uma medida provisória para que "sobrevivam" no local de trabalho, até que mudem, ou não. Embora a maioria das empresas compreenda os desafios associados às demissões, Quiet Quitting apresenta implicações mais sutis e bem preocupantes.


Por que isso está acontecendo?


Esse fenômeno pode ser uma resposta a várias questões. Mas a Geração Z cresceu observando os impactos negativos que a dedicação extrema ao trabalho teve sobre a saúde física e mental de seus pais. Eles testemunharam problemas como ansiedade, depressão, burnout e a deterioração das relações familiares. Muitos profissionais da geração anterior foram forçados a sacrificar tempo com suas famílias e interesses pessoais em prol do "sucesso profissional", resultando em um desequilíbrio significativo entre vida pessoal e profissional.


Além disso, a pandemia de COVID-19 acentuou essa percepção. Com a necessidade de trabalhar remotamente e o aumento das responsabilidades domésticas, muitos jovens profissionais viram como a flexibilidade e a saúde mental são cruciais para a sustentabilidade de uma carreira a longo prazo. A experiência de ver familiares e amigos lutando com essas questões reforçou a determinação da Geração Z em evitar os mesmos "erros".


Veja esses dados:


  • Um estudo da Gallup do relatório State of the Global Workplace (2023), revelou que 59% da nossa força de trabalho está praticando Quiet Quitting


  • Já o "Work Trend Index" da Microsoft (2022) mostrou que 41% da força de trabalho global está considerando deixar seus empregos devido ao esgotamento e à falta de flexibilidade. A Geração Z foi especialmente afetada, com muitos buscando oportunidades que ofereçam um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.


  • A pesquisa "The Future of Work After COVID-19" (2021) da McKinsey & Company apontou que a Geração Z valoriza fortemente a flexibilidade e a saúde mental. Muitos jovens trabalhadores estão dispostos a mudar de emprego para encontrar um ambiente que ofereça melhores condições de trabalho e maior suporte emocional.


  • O "Global Millennial Survey 2021" da Deloitte destacou que a Geração Z está particularmente preocupada com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com 48% dos entrevistados afirmando que a pandemia aumentou seu estresse e ansiedade em relação ao trabalho. 


E as empresas, como ficam neste contexto?


As organizações registraram diminuição na produtividade, na fidelização dos clientes e na rentabilidade. Eles também observam maior absenteísmo e turnover. Isso é um grande alerta! No relatório mais recente sobre o estado do local de trabalho global da Gallup, perguntaram aos funcionários: "O que você mudaria em seu local de trabalho para torná-lo melhor?" 


As respostas mais comuns diziam respeito ao seu gestor direto ou liderança:

  • “Eu mudaria o chefe.” (Brasil)

  • “Gostaria que os gestores fossem mais acessíveis.” (Reino Unido)

  • “Gostaria que houvesse um bom ambiente de trabalho onde todos tratássemos uns aos outros com igualdade e respeito.” (México)

  • “O chefe deve tratar todos com justiça.” (África do Sul)

  • “Seria bom poder expressar suas opiniões sem medo de repercussões no trabalho.” (Espanha)


Em geral, a maioria das pessoas gostam do trabalho que realizam, mas gostariam de mudar a forma como o seu gestor as trata. O sentimento por trás da tendência não desaparecerá até que as organizações contratem e desenvolvam gestores melhores.


E como identificar Quiet Quitting?


  • Pesquisa de clima ou avaliação 360º.

  • Um declínio na produtividade pode ser um sinal, metas não sendo atingidas.

  • Funcionários que não recebem promoções, ou se não há prática e políticas.

  • Falta de práticas, processos de gestão de pessoas focadas em bem-estar, desenvolvimento pessoal e capacitação.

  • Reclamações de gestores sobre os jovens da sua equipe aumentando.

  • Turnover e absenteísmo.


Quais estratégias para gerenciar esse movimento?


Não há uma única solução, e sim um conjunto de ações e iniciativas que podem variar de empresa para empresa.

  • Promova uma cultura onde os funcionários possam partilhar preocupações e aspirações através de canais regulares de feedback, ajudando-os a sentirem-se valorizados e ouvidos. Além de reforçar com a liderança essas práticas;

  • Construa programas estruturados para reconhecer o trabalho com recompensas financeiras e não financeiras, engajando os funcionários e promovendo um sentimento de realização e bem-estar;

  • Apoie o equilíbrio entre vida pessoal e profissional: implemente acordos de trabalho flexíveis e respeite o tempo pessoal da pessoa, para aumentar a satisfação e o comprometimento no trabalho;

  • Forneça desenvolvimento profissional personalizado e caminhos de avanço claros para reacender o comprometimento e a satisfação;

  • Construa um ambiente inclusivo e de apoio, com segurança psicológica, abordando prontamente os comportamentos tóxicos para manter a saúde no local de trabalho;

  • Eduque, incentive e crie espaços de diálogo com a liderança para discutir o tema e desenvolver ações conjuntas;


A Geração Z está sentindo que a troca entre esforço adicional e investimento e contrapartida da empresa, está desequilibrada. Por isso não vale a pena o sacrifício. Para muitas pessoas, desistir completamente se torna menos viável à medida que a perspectiva econômica piora, tornando a alternativa "silenciosa" mais comum, e de menor prejuízo para eles. Os executivos têm a oportunidade de abordar as causas profundas desse movimento, por meio de estratégias que reequilibram expectativas, invistam nos funcionários e promovam uma cultura de trabalho sustentável e saudável.


É desafiador, mas é possível mudar esse cenário! 

O que faremos?


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